Salvador nos últimos dias vivenciou um verdadeiro estado de terror. Isto por que, mais uma vez a natureza mostrou-se mais forte e imponente do que o homem.
Era de se esperar que essa “revolta ambiental” acontecesse, mais cedo ou mais tarde, em conseqüência da nossa ambição desmedida.
Assistimos em nossas casas, ouvimos em conversas de corredores, de vizinhos, enfim compartilhamos o sofrimento dos nossos iguais e não tivemos como evitar tamanha catástrofe.
Foi desesperador para muitos de nós vermos a dor de pessoas que, em sua grande maioria, já eram considerados desvalidos da sorte. Mas ficamos como meros espectadores prostrados em nossos sofás, que tivemos a sorte de não terem sido levados pelas águas, assistindo à angústia e descontentamento das pessoas na esperança disso tudo acabar o mais breve possível.
Não só aqui, em Salvador, mas em diversos outros locais a realidade não foi diferente, a exemplo do Rio de Janeiro que deixou de ser a cidade maravilhosa para dar lugar à tenebrosa isso sem exageros, pois foram mais de 250 vitimas fatais das chuvas torrenciais que se instalou no nosso país.
Além do Rio, tivemos situações semelhantes em São Paulo, Aracaju, Cachoeira, novamente no sul do país, enfim, foi uma calamidade generalizada.
Quem não acompanhou o sofrimento dos moradores do Morro do Bumba? Estes perderam não só suas casas e seus entes queridos, mas sua dignidade naquele cenário de caos, vendo seus familiares e amigos serem engolidos e aniquilados numa avalanche de lixo, será que é isso que o povo merece, morrer no lixo como ratos, vermes?
Agora, depois da tragédia, o governo do Estado e o governo Federal, bem como o, municipal irão investir cerca de 250 milhões de reais na recuperação da área e assistência às famílias, mas eles tiveram a opção de fazer diferente, uma vez que os mesmos tinham ciência do risco daquela área, mesmo por que estudos foram desenvolvidos pela Universidade Federal Fluminense condenando a reagião. Mas para eles, os nossos representantes que estão no poder isso não era prioridade. Agora me digam, como é que o Brasil receberá milhões de turistas para a realização da copa em 2014 e as olimpíadas em 2016? Será que teremos estrutura para suportar esses grandes eventos de dimensão global? E qual o preço que nós, de classes menos favorecidas teremos que pagar para que isso aconteça? Ficam as interrogações.
Enquanto isso já são mais de 25 municípios que decretaram estado de emergência na Bahia, o Rio de Janeiro e Niterói da mesma forma, em Pernambuco já são mais de 50 vítimas, em Aracaju temos mais de 120 pontos de alagamento...
UFA! Acho que não consigo descrever mais desgraças por conta de algumas gotas enraivecidas que caem do céu.
Como se não fosse pouco - como diz Uziel Bueno apresentador do programa baiano “Na Mira” - com Salvador neste estado tem canal de TV que está promovendo uma ação solidária chamada SOS Rio, não que não devamos nos solidarizar, mas por que repetir o que já fazemos há anos, que é privilegiar aquilo que estar distante de nós e desconsiderar aqueles que estão mais próximos, devemos priorizar as dificuldades dos nossos conterrâneos.
Para ilustrar essa discussão, segue um vídeo muito interessante relatando a situação, por nós, vivenciada.
1 de maio de 2010 às 14:11
Essa questão da chuva em Salvador e em outras cidades desestruturadas, além das suas reflexões, tb me faz pensar que um evento tão maravilhoso como a chuva se torna indesejada. Isso é triste!
O grande problema é a cidade e não a chuva. Pena isso, né?